sexta-feira, 20 de junho de 2008

Preço de terreno sobe até 560% na capital em um ano

Ronaldo Jacobina, do A Tarde

A expansão do setor imobiliário em Salvador fez os preços dos terrenos dispararem. O valor médio do metro quadrado em áreas como a Paralela, quem vem se consolidando como um dos vetores da expansão imobiliária da cidade, subiu de R$ 300 para até R$ 2 mil, ou seja, cerca de 560%, em menos de um ano. Esta distorção é fruto do aumento da demanda por imóveis, impulsionada pelo alongamento dos prazos de financiamentos e pela redução das taxas de juros. “O metro quadrado cresceu absurdamente, mas as vendas continuam subindo”, avalia o corretor de imóveis José Alberto Vasconcelos.

Com a chegada de grandes construtoras à cidade, ávidas por ganhar mercado, os proprietários de terrenos viram a demanda por espaços ociosos crescer. “O que há é uma ganância muito grande e um completo desconhecimento do mercado por parte dessas pessoas. Houve uma elevação desordenada. As pessoas estão fora da realidade”, afirma o presidente do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis (Creci-BA), Samuel Prado.

De acordo com Prado, as pessoas estão pedindo valores exorbitantes por terrenos que não valem o que está sendo cobrado. “Tenho lá na minha corretora um terreno de 1,2 mil no bairro da Graça para vender. O proprietário está pedindo R$ 4,2 milhões pela área. Acontece que isso é inviável comercialmente para uma construtora que só poderá construir ali uma vez e meia o tamanho do terreno. Se considerarmos que o empreendedor vá optar por construir um prédio com 10 apartamentos de 180 metros quadrados cada, o valor de cada imóvel, sem contar os custos de material de construção e de mão-de-obra, cada um sairia por R$ 420 mil. Isso inviabiliza o negócio”, calcula Prado.

Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-BA), Vicente Mattos, a estabilidade da economia, que trouxe na esteira a facilidade do acesso ao crédito, provocou esse fenômeno em todo o País. “Não é só em Salvador que o preço foi elevado, é em todas as capitais”, disse. Segundo Mattos, não há sinais de retrocesso nesse quadro. “Com a entrada em vigor do Plano Diretor (PDDU), isso só tende a crescer, até porque áreas como a orla marítima, que tinha restrições para construção, agora serão liberadas. Isso significa que os preços dos terrenos nessas áreas irão disparar. Como, aliás, já dispararam“, disse.

Mattos explica que há áreas da cidade em que não há mais espaço para novos empreendimentos e cita a Vitória e a Graça como exemplos. “A solução é crescer para outras direções como vem acontecendo com a Paralela”, disse. Mattos diz ainda que o problema é que esse aumento é repassado para o consumidor. Segundo ele, mesmo com os preços dos imóveis mais altos, as pessoas continuam comprando. O presidente do Sinduscon diz que o boom imobiliário está apenas começando e que pelo menos 20 grandes empresas de outros estados já se instalaram na Bahia, nestes últimos dois anos.

Periferia – A escassez de espaços para construir novos empreendimentos nas áreas nobres deverá empurrar a expansão imobiliária para áreas periféricas da cidade, segundo avalia o presidente da entidade. “Bairros como o Cabula, por exemplo, vem recebendo atenção especial do mercado”, disse. Segundo Mattos, existem outras áreas da cidade que precisam ser olhadas com carinho pelo mercado e, sobretudo, pelo poder público. “A Península de Itapagipe, por exemplo, tem capacidade para abrigar grandes empreendimentos, mas carece de infra-estrutura e de melhorias. Mas isso é papel dos governantes”, sugere.

O presidente da Associação dos Dirigentes das Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi), Walter Barreto, aposta no PDDU para equacionar essa questão. “A oferta de terrenos vai crescer quando o plano for regulamentado. Com isso, os preços deverão se estabilizar”, acredita. Na avaliação do presidente da Ademi, além da Paralela, o litoral norte, especialmente na área da Estrada do Coco, é uma área que deverá atrair novos empreendimentos. Barreto diz ainda, que é natural que os donos dos terrenos peçam preços salgados, mas o que eles precisam entender é que não venderão por valores que inviabilizem os negócios. “Quem pede valor fora do mercado, não vai vender. As empresas procurarão outras alternativas para investir”, disse.

Ao contrário do que dizem outros profissionais do mercado que defendem que os preços subiram em toda a cidade, Barreto acredita que a elevação se deu apenas nos novos vetores de crescimento do mercado imobiliário. “Os preços subiram apenas nas áreas de expansão, não houve aumentos nas demais”.

fonte- A Tarde On Line.

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